terça-feira, 16 de agosto de 2011

Sentimento gótico

     Uma vez eu li a seguinte frase " ... Não se vira gótico, se nasce gótico e se descobre que é um com o tempo." Não me lembro quem escreveu ou se era essa a ordem, mas neste momento soube que pertencia á algum lugar.
     Tentar definir o que é ser gótico não é fácil e acredito que não há uma definição clara ou pronta, pois é algo bem complexo, é muito mais que vestir preto, ouvir música do género, andar em cemitérios a noite ou se isolar do restante do mundo e viver na tristeza eterna ( e é o que a maioria das pessoas pensam) e tais caracteristicas não se define um gótico, há pessoas não góticas com essas caracteristicas e essas atitudes  podem  fazem parte de problemas emocionais momentâneo.Então resolvi falar do meu sentimento gótico.
   Eu não ando em cemitério porque morro de medo de alma penada, nunca vi, mas quem sabe se elas não existem mesmo é o que dizem "  há mais mistérios entre  o céu e a terra do que julga a nossa vã filosofia". Eu não sou mal humorada ou anti social, as pessoas me acham até engraçada (eu sinceramente me acho sem graça). Eu amo preto, a obscuridade, o isolamento e me expressa através da escrita( as pessoas só me conheceram realmente se lerem o que escrevo) são em meus versos, poemas e cartas que estão minha essência.
 Tudo começou quando tinha 10 anos, foi nessa época que percebi que era um pouco diferente de meus amigos, sabia coisas que eles nem imaginavam que existiam, conhecia outras culturas, livros e era capaz de escrever narrativas completas. Tinha interesses por coisas diferentes. Adorava os tempos de chuvas, o céu nublado, prestava atenção em cada detalhe: as cores do por do sol, a beleza da lua, o aroma de cravinho que o vento trazia quando ia passar a tarde inteira chovendo. Eu lembro que próximo a minha escola havia uma praça e nós nos deitávamos na grama e os meus pensamentos voavam, voavam para hoje quando eu iria recordar  daqueles momentos... e eu, eu tinha certeza que sentiria saudades.
 Com o decorrer dos anos as diferenças entre mim e os outros ficavam mais evidentes e eu me sentia cada vez mais sozinha. E  passava o meu tempo lendo e descobrindo coisas novas, soube quem verdadeiramente foram as bruxas e me identifiquei com elas, Tchaikovsky, Lenin, Sir Conan Doyle, As brumas de Avalon, Sepulura, Metalica, Ramones, Iron maiden, Evanescence, Anya  e O Fantasma da ópera e  não posso esquecer de Tim Bortom, aos 12 anos o amor seguido de um vazio.
   Eu nunca gostei de alguém como gostei dele, mas ele não estava nem ai pra mim, na verdade ele me despreza porque eu era feia e durante dois longos anos eu sofri por ele não me amar. Ele foi a inspiração dos meus versos e canções e a esperança para uma vida vazia. E então as coisas começaram a mudar e ele passou a me tratar com respeito e quando eu poderia conquista-lo e realizar o meu sonho de amor ele morre.
 Meu coração doeu tanto e até hoje doe quando lembro e penso: O que poderia ter acontecido se ele não tivesse morrido?
  EU  estava confusa e triste, sozinha e não conseguia desabafar, pois todos achavam um exagero o que eu sentia. Então eu mergulhei numa profunda depressão que durou três anos, onde perdi amigos, festas, namorados e oportunidades. Nessa fase eu apenas ouvia musica, lia meus livros, escrevia e desenhava muito. Não saia de casa de forma alguma, apenas para ir a escola(que eu odiava). E foi em uma de minhas pesquisas que acabei encontrando um site com um belo texto que tinha a frase que citei no inicio e tanto ela como o conteúdo contido no site me eram família, eu me encaixava perfeitamente no perfil daquelas pessoas, passei a me corresponder com aquela comunidade e ali me sentia bem, era aonde as pessoas compreendiam meus pensamentos e sentimentos. Foi como me descobrir. Eu já conhecia a cultura, mas era superficialmente apenas como um estilo musical.
Desde então me sinto bem mais resolvida e é mais facil encarar a vida sabendo que há mais pessoas assim como eu.