segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

CONTO II

Pegou o ultimo trêm da noite para voltar a sua casa. No caminho pensou na vida, distraia-se
olhando a paisagem lá fora. De repente o trêm balançou e as luzes se apagaram. Ela sentiu
um gosto amargo na boca, sua respiração ficou dificil e seus pulmões pareceram explodir.
Ela abriu os olhos pela ultima vez e  seu corpo ficou leve.

Novamente abriu os olhos e viu que continuava no trêm. Desceu na sua estação e segiu para a sua casa.
Deu alimento para Aya e Hades, os seus gatos e chorou a sua solidão o resto da noite.
Pela manhã ela se levanta e vai para o seu trabalho para sua triste e esquecida biblioteca. Pega o ultimo
trêm para retornar a sua casa e assim faz sucessivamente todos os dias, durante meses, durante muitos
anos. Quando acaba o expediente pega o ultimo trêm e no meio da ponte ele para. Ele sempre
para ali, todos os dias, no mesmo horario. Ela olha fixamente para o rio e sente temor e angustia. Algum tempo depois ele volta a andar e ela volta para casa alimenta o seu gatos e chora o restante da noite.
No dia seguinte o trêm para no mesmo local e voltou novamente a andar. Ela nunca havia reparado.
Na estação seguinte ela resolve descer e até aquele lugar que lhe causa tanta dor. Desceu até o rio e desceu até a margem. Parada com muita difilcudade de respirar ouviu chama-lá. Tomada por uma curiosidade entrou no rio e mergulhou fundo, fundo e mais fundo. Aterrozida viu o seu corpo na ferragem do trêm. Desnorteada subiu a margem, não conseguia entender, estava viva, pelo menos sentia-se viva, continuava trabalhando, alimentando seus gatos e alguém sentiria sua falta. Tudo continuava como antes, nada mudou.
Ela, então, lembrou que durante toda a sua vida ela apenas existiu, ninguém nunca deu por sua prescença. Ela não tinha familia, amigos. Ela subiu a margem, voltou para a rua e continuou a andar pelas ruas amargando sua eterna solidão.